(comentário a um poema de Ezra Pound)
Ainda havemos de ter saudades da rapariga
a caminhar para a meia idade
quando já não nos conseguirmos levantar
sem o uivo dos bosques queimados do nosso prazer
É certo que era mais ardente quando subia
as escadas e nos trazia madalenas
mais plebeia a graça das suas pernas de canela,
mas por desgraça o tempo é um combustível
uma tortura de cruas catapultas
que a todos aturdidamente atinge, e chegará o dia
em que silencioso e apenas recordado o riso
da velha rapariga nos parecerá o brilho do sol
(A mão na água que corre, Assírio & Alvim, Lisboa, 2011, p. 15).
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