quinta-feira, 14 de junho de 2012

A poesia em 2012: Manuel de Freitas

Lawrence's, Quarto Jane Lawrence



Não é fácil dormir, quando se ergue
à nossa frente, oval e severo,
o retrato de Jane Lawrence Oram,
promessa quase certa de pesadelos.

Junto ao chão, num pequeno nicho,
os livros de António Barahona
e Diogo Vaz Pinto vieram fazer companhia
a Bram Stoker, Hans Martin e Isabel Allende
- oferenda de remotos frequentadores
deste mesmo quarto virado para o bosque.

Não é fácil, em suma, dormir nesta cama
tão larga, esculpida em madeira velha
- e o vento, em qualquer língua,
apenas significa morte.



(18 de Abril; Língua Morta, Lisboa, 2012, p. 7).

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