Falar de coisas práticas, talvez
tratar dos meus negócios em poemas;
atender, por extenso, às circunstâncias
de passar fome há mais de meio mês.
A história do cavalo do inglês
faz-me rir a bandeiras despregadas,
digo sílabas só embandeiradas
e cômo os pregos um de cada vez.
Mudar a minha ementa, eu aspiro,
porque já tenho o estômago de ferro
e meu trabalho é tornar-me em oiro:
a luta dos metais, maior tesoiro,
religa a alquimia em que me encerro
no sonho dum bom bife e dum cigarro.
(Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno, Lisboa, 2011, p. 100).
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